sábado, 26 de dezembro de 2009
Canção do amor que chegou
Eu não sei, não sei dizer
Mas de repente essa alegria em mim
Alegria de viver
Que alegria de viver
E de ver tanta luz, tanto azul!
Quem jamais poderia supor
Que de um mundo que era tão triste e sem cor
Brotaria essa flor inocente
Chegaria esse amor de repente
E o que era somente um vazio sem fim
Se encheria de cores assim
Coração, põe-te a cantar
Canta o poema da primavera em flor
É o amor, o amor chegou
Chegou enfim
in Poesia completa e prosa: "Cancioneiro"
Vinícius de Moraes
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Natal azul
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Azul de ti
Pensar em ti é azul, como ir vagando
por um bosque dourado ao meio dia:
nascem jardins na fala minha
e com minhas nuvens, por teus sonhos, ando.
Nos une e nos separa um ar brando,
uma distância de melancolia;
eu alço os braços de minha poesia,
azul de ti, dorido e esperando.
É como um horizonte de violinos
ou um tépido sofrimento de jasmins
pensar em ti, de azul temperamento.
O mundo torna-se cristalino,
e te vejo, entre lâmpadas de trino,
azul domingo de meu pensamento.
Eduardo Carranza
Azul
De azul, de suave azul coloriram as rotas
do céu azul é sempre expressão de bondade;
há na visão do azul um carinho de promessa
e uma promessa
de felicidade.
O azul nos sugestiona e nos persuade;
mesmo quando tenhamos a alma opressa,
qual de nós a sonhar não recomeça
ante um tranqüilo céu, de azúlea claridade?
Sempre em rumo do azul
a alma errante dos poetas segue, êxul.
Azul, é perfeição, é sonho, é ideal;
azul é o brilho do mais límpido cristal;
azul é o jorro da água mais pura,
mais torturada, mais batida.
No azul se fez o pouso destinado
às almas que se vão da vida
sem pecado.
Azul diviso esta tortura,
este desejo de subida
que sinto pelas
distâncias ermas da azul altura.
Azul bendito de belezas tantas!
- azul nas flores mais delicadas;
- azul nos olhos místicos das santas;
- azul nos olhos mágicos das fadas
- azul nos olhos vagos das estrelas.
Sonhemos sob o azul que tudo nos permite,
o azul que nos promete e nunca dissuade.
Bem haja o azul da Imensidade,
esse azul sem limite,
esse azul liberdade!
Gilka Machado
Azuis
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Do azul, num soneto
Verificar o azul nem sempre é puro.
Melhor será revê-lo entre as ramadas
e os altos frutos de um pomar escuro
- azul de tênues bocas desoladas.
Melhor será sonhá-lo em madrugadas,
fresco inconstante azul sempre imaturo,
azul de claridades sufocadas
latejando nas pedras - nascituro.
Não este azul, mas outro e dolorido,
evanescente azul que na orvalhada
ficou, pétala ingênua, torturada.
Recupero-o, sem ter, e ei-lo perdido,
azul de voz, de sombra envenenada,
que em nós se esvai sem nunca ter vivido.
Alphonsus de Guimaraens Filho
In Água do tempo
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Água azul
Altos segredos escondem dentro de água
O reverso da carne, corpo ainda.
Como um punho fechado ou um bastão,
Abro o líquido azul, a espuma branca,
E por fundos de areia e madrepérola,
Desço o véu sobre os olhos assombrados.
(Na medida do gesto, a largueza do mar
E a concha do suspiro que se enrola.)
Vem a onda de longe, e foi um espasmo,
Vem o salto na pedra, outro grito:
Depois a água azul desvenda as milhas,
Enquanto um longe, e longo, e branco peixe
Desce ao fundo do mar onde nascem as ilhas.
José Saramago
O perfume da noite azul
O perfume da noite azul que vem chegando
Penetra em nós, espalha em nós este langor...
Anda o silêncio pelas coisas...O ar é brando...
E o perfume da noite azul que vem chegando
Cada vez é mais vago e mais perturbador...
Nossa janela dá para a beira do rio.
As águas levam folhas mortas, devagar...
E o perfume da noite azul, pelo ar macio,
Como que vem das águas lânguidas do rio...
Olha lá o luar!!! Vem talvez do luar.
E ficamos a ver, de bruços na janela,
A paisagem que escureceu. Este langor...
Oh! Perfume da noite azul, da noite bela!
Enervante... delicioso... perturbador...
Escuta minha pequenina noite bela,
Perdoa esta infantilidade: " Meu amor..."
Ribeiro Couto
Página azul
No país de minh’alma há um rio sem mágoas,
Um rio cheio de ouro e de tanta harmonia,
Que se cuida escutar no marulhar das águas
Do sussurro de um beijo a doce melodia.
Este rio é o meu sonho, um sonho azul e puro,
Como um canto do Céu, como um braço do Mar;
Loura réstia de sol a rebrilhar no escuro,
Casta luz que cintila em torno de um altar.
De um altar que palpita e que sofre e que sonha,
Soletrando a cantar a linguagem do Amor...
Do altar do Coração, a paisagem risonha
Onde brotam sorrindo as ilusões em flor.
Vem beber, meu amor, neste rio que é fonte,
É fonte de esperanças e lago de quimera...
Vem morar n’um país que não tem horizonte,
Onde não chora o Inverno e só há Primavera.
Auta de Souza
E este primeiro
E este primeiro olhar? E este primeiro
céu que de azul se faz quase agressivo?
De um peito casto o palpitar mais vivo
de primavera num despenhadeiro?
E este silêncio cor de céu? E a chama
que o coração em êxtase recolhe?
E o grave sentimento de quem ama
e reconhece frágil quanto escolhe?
E esta primeira branca margarida?
E estas lembranças que nos traz o vento?
E esta fascinação que vem da vida
como um sabor de frutas ao relento?
E esta emoção mais alta, indefinida?
E esta alegria que será tormento?...
Alphonsus de Guimaraens Filho
Anjo azul
O meu anjo é azul, nem sei por quê!
Eu só sei que é azul, de azul intenso
que me colore a mente quando penso...
Quem sabe, esse anjo azul seja você?
Pois volto a vê-lo, se você me vê.
Quando a vejo de azul, perco meu senso.
E quando perco o senso, eis-me propenso
a crer num anjo azul, que ninguém crê.
Meu anjo azul, você, numa aquarela
de flores multicores, na janela
de uma casa, que surge à minha frente,
seja das musas o anjo bom, aquela
que vestida de azul fica mais bela,
que, sendo sonho, seja eternamente!
Ronaldo Cunha Lima
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